domingo, 8 de junho de 2008

Prisão.

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O poeta vive das sombras,
Da noite.
Daquilo que não veio e não virá.
Vive das promessas de sempre.
Promessas falsas, mas que alimentam algo...
Vive das desilusões causadas por tais promessas.
E da esperança que vem com novas.
Vive do silêncio, do vazio,
Da angustia, da tristeza,
Do desespero e do mais profundo grito.
Um grito apático, morto.
Vive também de canções,
Dos outros e de ninguém,
Do sempre e do nunca.
Principalmente do nunca.
O poeta vive da morte.
Da falta da morte.
Vive de pássaros e de luas,
Do épico e do banal.
Do obvio...
Pateticamente vive e revive,
Para depois viver e reviver novamente.
Mas não eu.
Eu abdico da noite,
Das promessas, do silencio, do vazio,
Das angustias e tristezas.
Não mais gritarei ao intimo,
Nem cantarei a existência do ser.
Eu abdico do poeta.
Das noites longas,
Da morte...
Dos pássaros e da lua.
Abdico de tudo, de tudo em função do sol.

Mas nada acontece...

Cá estou eu, escrevendo na sombra.

(Rafael Tenorio)

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