segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Coisa qualquer.

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Tava no bar.
Início de noite, e tudo o que a isso convém.
Olhei pela grade,
E ví a lua cheia.

(Rafael Tenorio)

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Festa do sonhador.

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Noite, casa, lembrança...
Carnaval...
Pensamentos repetidos, um trago, e nada...
Carnaval...
Escrever, sentir, chorar...
Carnaval...
Chorar, sentir, escrever...
Carnaval...
Amar.
Amar.
Amar...
Carnaval...
Sofrer, sofrer, sofrer...
Carnaval...
Chorar, sentir, escrever...
Carnaval...
Perder, crescer, perscer...
Carnaval...
E nas ruas de Olinda e Recife, o povo canta e dança alegremente.

(Rafael Tenorio)

terça-feira, 1 de julho de 2008

E não se pense.

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E não se pense o povo pensa.
E não se pense o passado passa.
E não se pense o pinto pia.
E não se pense o poste para.
E não se pense, pensando pensador.
E não se pense nada.

(Rafael Tenorio)

domingo, 29 de junho de 2008

Poema escrito na madrugada, precedendo o sono.

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Sim, é preciso manter a inspiração.
È preciso, é necessário, até mesmo vital.
Antes que o lirismo suma,
E somente reste a noite.

(Rafael Tenorio)

terça-feira, 17 de junho de 2008

Passado?

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Estranho...
Não quero mais, não sinto mais,
Não posso mais, não amo mais.
Mas ainda dói.
Ainda dói...

Não tento mais, não falo mais,
Não vejo mais, não canto mais.
Mas ainda dói.

A dor da verdade,
Do sim e do não, do talvez...
Do sempre e do nunca,
A dor da dor,
A dor do mundo,
Do pequeno mundo,
Ínfimo mundo.
Do tudo e do nada,
A dor da ausência e da presença,
Dor do não sentir dor,
A dor da verdade.

Dor silênciosa,
Desesperada, sangrenta,
Triste.
Dor odiada, dor amada,
Dor odiada...
De ser, de ter,
De não ter.
Simplesmente dor, nada mais.

Mas, por quê?
Se não quero mais, não sinto mais,
Não posso mais, não amo mais.

Se não tento mais, não falo mais,
Não vejo mais, não canto mais.

Por que dói?

A noite continua e o mundo mantém-se a girar.

(Rafael Tenorio)

domingo, 8 de junho de 2008

Prisão.

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O poeta vive das sombras,
Da noite.
Daquilo que não veio e não virá.
Vive das promessas de sempre.
Promessas falsas, mas que alimentam algo...
Vive das desilusões causadas por tais promessas.
E da esperança que vem com novas.
Vive do silêncio, do vazio,
Da angustia, da tristeza,
Do desespero e do mais profundo grito.
Um grito apático, morto.
Vive também de canções,
Dos outros e de ninguém,
Do sempre e do nunca.
Principalmente do nunca.
O poeta vive da morte.
Da falta da morte.
Vive de pássaros e de luas,
Do épico e do banal.
Do obvio...
Pateticamente vive e revive,
Para depois viver e reviver novamente.
Mas não eu.
Eu abdico da noite,
Das promessas, do silencio, do vazio,
Das angustias e tristezas.
Não mais gritarei ao intimo,
Nem cantarei a existência do ser.
Eu abdico do poeta.
Das noites longas,
Da morte...
Dos pássaros e da lua.
Abdico de tudo, de tudo em função do sol.

Mas nada acontece...

Cá estou eu, escrevendo na sombra.

(Rafael Tenorio)

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Visão na noite do Antigo.

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São três, passando ao poste velho.
E onde, pra onde não sei onde...
É, realmente, um espetáculo.

(Rafael Tenorio)

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Romântico.

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E há muito vivia,
Numa terra tardia,
Um ser que dizia,
Meu Deus! Como quero voar.

E a terra batida,
O instante, a ferida,
O laço da vida,
Ao chão, segurar.

E o pedaço de mundo
Que seguia, sem rumo,
No chão, moribundo,
Pôs-se logo a sonhar.

Uma visita sagrada,
De leite e néctar banhada,
Em sua chegada,
Foi logo anunciar.

Eu, espírito pleno,
Rei dos povos terrenos,
A ti, pobre, ordeno,
Que do chão partirá.

Mas não pense ó sofrido,
Que é tudo o que digo,
Pois o que é proibido,
Logo irei lhe ditar.

Dos céus veio plena,
A regra que ordena,
Que tua viagem suprema
Mais de dois minutos, não durará.

E ai de ti, pobre ser,
Se tal regra desobedecer,
Sobre tu há de se abater,
A punição dos céus e do mar.

E se foi tal figura,
Deixando só a criatura,
Que pensava: Será a loucura,
Que veio me alucinar?

Pois logo se viu alado,
Tal ser de corpo mudado,
Que ao sentir tal estado,
Pensou: Meu Deus! Agora posso voar.

E se foi rapidamente,
Aos céus seguiu rente,
E em pensamento demente,
Pensou: Meu Deus! Agora estou a voar.

E o ser deslumbrado,
Atravessou o serrado,
E sobre um belo prado,
Começou a cantar.

E o ser, então calado,
Subiu mais um bocado,
E observou, encantado,
A bela vista do ar.

E em instante singelo,
Gritou: Meu Deus! Como é belo,
E que este momento, espero,
Possa pra sempre durar.

Pois eis que então,
Para dor em seu coração,
Uma voz, num clarão,
Começou a falar.

Sonhaste demais romântico, e agora ao chão cairás.

Mas, por quê? Pensou aflito,
Sei que é proibido,
Mas não faz sentido,
Por que não, pra sempre voar?

Mas seus ouvidos só podiam escutar:

Sonhaste demais romântico, e agora ao chão cairás.

Por que não pra sempre o belo?
Se é o bem o que eu quero,
Por que Deus, com seu martelo,
No julgamento me culpará?

Mas seus ouvidos só podiam escutar:

Sonhaste demais romântico, e agora ao chão cairás.

Mas pergunto-lhe então,
Por que jogar-me ao chão,
Se lá será meu caixão,
E não mais poderei levantar?

Mas seus ouvidos só podiam escutar:

Sonhaste demais romântico, e agora ao chão cairás.

Mas a ti imploro,
E para Deus oro,
Mais dois minutos, e não demoro,
Depois ao chão retornar.

Mas seus ouvidos só podiam escutar:

Sonhaste demais romântico, e agora ao chão cairás.

E caiu.

(Rafael Tenorio)

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Em retrospecto.

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Às vezes é difícil escrever coisas novas.
Os pensamentos, sentimentos são os mesmos.
As angústias, as tristezas...
Não curadas, mal cicatrizadas,
Não saram...
Não se vão.
As cores – poucas cores – são as mesmas...
As pessoas, os apertos.
As pessoas...
As pessoas...
Todas as mesmas.
As pessoas...
Todas as mesmas.
Todas as mesmas...
Assim é difícil escrever coisa nova.
Assim é difícil fugir do sempre igual.
É difícil fugir do sempre igual...

(Rafael Tenorio)

domingo, 25 de maio de 2008

Estilo.

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Em verdade, tudo que escrevo é assim.
Sem rimas, porem com coração.
Claro, seria melhor caso fosse com rima e coração.
Mas não é assim...
Faltam rimas, mas sobra coração.
Um grande coração, na verdade.

(Rafael Tenorio)

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Hotel de sonhos.

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Vou-me embora pra Passárgada.
Lá não existe rei.
Mulheres que quero, na cama que escolherei?
Não, esta não é a minha Passárgada.
Não a minha.
Na minha não tem alcalóide à vontade,
Nem prostitutas bonitas pra gente namorar.
Não na minha.
A minha tem um muro.
Um belo muro, revestido por rosas, margaridas, hortênsias...
Mas um muro.
Também tem um belo portão prateado,
Não fugindo de suas funções.
Lá não tem ninguém,
Ninguém alem de mim, do sol, da grama...
Um riacho logo à direita.
Lá, só entra quem quer.
Só entra quem quer ver o que tem lá.
A minha Passárgada...
Passárgada de sempre.
Passárgada de nunca.
Quero ir para Passárgada.
Passárgada de agora,
Momento...
Quero ir à Passárgada agora.
Ir à Passárgada pra chorar.
Lá eu posso chorar,
Lá eu consigo.
Lá os pássaros conseguem voar,
Lá eles voam.
Voam mais alto que o céu, que o sol,
Eles voam...
Eu não vôo lá.
Lá eu nado, corro, subo, desço...
Mas não vôo.
Eu não vôo lá.
Mas não é por que o rei não deixa,
Não vôo... por não voar.
Lá não tem rei.
Afinal, pra que voar?
O mundo é tão bonito,
O homem é que é feio.
O homem é feio e deixa o mundo feio.
Mas o mundo em si, sem o homem.
O mundo puro...
O mundo puro é bonito.
Bonito e imperfeito.
Tão imperfeito quanto se pode.
Uma imperfeição tão rara que somente se encontra no tudo,
Uma imperfeição tão perfeita que chega a beirar a perfeição,
Uma perfeição imperfeita.
Então cá fico eu.
No meu mundo semi-puro,
Meu mundo semi-perfeito.
Mundo semi-imperfeito.
Minha Passárgada.
Passárgada de agora.
Passárgada de sempre.
Passárgada de nunca.
Passárgada de nunca...

(Rafael Tenorio)

Reflexão.

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Às vezes...
Quando resolvo sair das vazadas muralhas de minha residência.
Encarar o mundo real, o bárbaro mundo real,
O real mundo real.
Bem... Em meio às minhas aventuras.
Heróicas aventuras...
Eu o vejo em todas as partes,
Me persegue, me assombra.
O indigente, ser das trevas que vaga pela imensidão da cidade.
Muitas vezes a meus pés, com uma intimidante cabeça baixa, uma infernal subordinação.
Mas quando vejo-te,
Maltrapilho, imundo, destruído.
Um trapo de gente, um resto de gente.
E penso em nossa humanidade,
Nossa maltrapilha, imunda, destruída humanidade.
É pensando nela que percebo,
Ah! Indigente...
Mas tu é mais gente que eu.

(Rafael Tenorio)

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Pós declaração,

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Tum tá, tumtum ta. Tum ta, tumtum ta!
E continuava a agonia, não sabia o que queria, não sabia se podia...
Tum tá, tumtum ta. Tum ta, tumtum ta!
E era simplesmente uma visão da vida...
E a vida estava longe.
E a vida estava viva.
Turututum tarum.
Tratatarum!
Trapt!
Dum! Dum! Dum!
E era simplesmente isso que passava, isso que ficava.
Apertava.
Papapapá!
E o poeta é louco!
É vivo!
É vivo!
É vivo!
E vive enquanto morre, no morro das flores.
Tum ta, tumtum ta. Tum ta, tumtum ta!
Flores amarelas!
Flores amarelas, no morro das flores!
Tum tum tum!

(Rafael Tenorio)

Encontro.

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Quem és tu?
Habitante de mim.
Resultante de um sonho bom.
Quem és tu?
O mais belo vazio na escuridão.
Esperança de um sol no amanhã.
Quem és tu?

Te sinto, te canto,
Ò incógnita tão mais que perfeita,
O mais belo dos cânticos celestiais.
O qual de tão longe enviado foi,
Somente para louvar o momento único
Em que todos os astros, deuses e até mesmo o infinito
Se curvarão perante o mais belo dos grãos de areia,
O mais cândido dos pingos do oceano.
Momento este tão divino e profano,.
Uma dubialidade somente comparada à dualidade do bem e do mal.
Momento este tão insignificante,
Tão desimportante,
Pateticamente belo...
Uma irrelevância tão irrelevante,
A ponto de fazer o próprio tempo parar.
E os pássaros,
Sempre os pássaros...
Estes virão de todos os cantos.
Trazendo em si cada raio de sol, cada imagem, cada lembrança.
Sorrisos despretensiosos por motivos banais.
Trarão também cada lágrima derramada ao testemunhar de uma triste madrugada.
E também a sensação de leveza que acompanha o raiar do sol.
Estes sim...
Estes virão para anunciar uma nova era,
A era do sol, do mar.
Virão para anunciar uma revolução no cosmos,
Para modificar totalmente a forma das coisas serem e agirem.
Virão para anunciar a era dos sonhos,
Era de todos os sonhos...
A era das banalidades, das coisas inúteis,
A era da felicidade.
Logo após presenciarão a morte do poeta
E se irão, levando consigo todas as antigas emoções.

(Rafael Tenorio)

Ah! A bela poesia...

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“A” de abobrinha.
“B” de... Abobrinha.
“C” de abobrinha.
“D” de abobrinha.
“E”, “F”...
...
Meu Deus! Quanta abobrinha...

(Rafael Tenorio)

terça-feira, 20 de maio de 2008

Noites Boêmias.

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Enquanto a noite passa, tarde
Já foi, e o que sobrou ao fim,
O resto, o bojo, pouco rende.
E anseia, em si, o si, pra si.

Mais triste, é fato, o que espera.
Já vai, se foi, sem tanto alarde.
E o certo, é certo, um tanto fera,
Mais certo foi, e em vão pretende.

Após, então, do largo tento,
O longo certo enfim entorta,
E faz-se logo o torpe vento.

E a vida é forte em arte volta,
Mas sinto o agora, e tal lamento,
Já mata o si, e a antes morta.

(Rafael Tenorio)

Saudade.

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É forte e bate a imposta luz
Do sol, que à noite cai no firmamento.
E em si a si apenas não conduz,
Mas também de sonho um vago pensamento.

E a noite cala todo o som
Que o dia traz, e que é rebento
De um canto escrito em alto tom,
Minguado com o findar de um outro tempo.

Então, logo o céu se transfigura
E em claras cores inaugura
Um ilusório estado de contentamento.

Porém, o que não tem força nunca dura.
E o seco riso encontra a tarde escura
Pois toda esperança, ao vento, é vento.

(Rafael Tenorio)