sexta-feira, 23 de maio de 2008

Hotel de sonhos.

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Vou-me embora pra Passárgada.
Lá não existe rei.
Mulheres que quero, na cama que escolherei?
Não, esta não é a minha Passárgada.
Não a minha.
Na minha não tem alcalóide à vontade,
Nem prostitutas bonitas pra gente namorar.
Não na minha.
A minha tem um muro.
Um belo muro, revestido por rosas, margaridas, hortênsias...
Mas um muro.
Também tem um belo portão prateado,
Não fugindo de suas funções.
Lá não tem ninguém,
Ninguém alem de mim, do sol, da grama...
Um riacho logo à direita.
Lá, só entra quem quer.
Só entra quem quer ver o que tem lá.
A minha Passárgada...
Passárgada de sempre.
Passárgada de nunca.
Quero ir para Passárgada.
Passárgada de agora,
Momento...
Quero ir à Passárgada agora.
Ir à Passárgada pra chorar.
Lá eu posso chorar,
Lá eu consigo.
Lá os pássaros conseguem voar,
Lá eles voam.
Voam mais alto que o céu, que o sol,
Eles voam...
Eu não vôo lá.
Lá eu nado, corro, subo, desço...
Mas não vôo.
Eu não vôo lá.
Mas não é por que o rei não deixa,
Não vôo... por não voar.
Lá não tem rei.
Afinal, pra que voar?
O mundo é tão bonito,
O homem é que é feio.
O homem é feio e deixa o mundo feio.
Mas o mundo em si, sem o homem.
O mundo puro...
O mundo puro é bonito.
Bonito e imperfeito.
Tão imperfeito quanto se pode.
Uma imperfeição tão rara que somente se encontra no tudo,
Uma imperfeição tão perfeita que chega a beirar a perfeição,
Uma perfeição imperfeita.
Então cá fico eu.
No meu mundo semi-puro,
Meu mundo semi-perfeito.
Mundo semi-imperfeito.
Minha Passárgada.
Passárgada de agora.
Passárgada de sempre.
Passárgada de nunca.
Passárgada de nunca...

(Rafael Tenorio)

Um comentário:

Anônimo disse...

Eis de acha-la genio amigo.
Abracos

Claudio